Três dias!
Sue Amado
julho 02, 2022
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Foram apenas 3 dias, mas conseguimos repor todas as energias de que iremos precisar para nos mantermos juntos e nada foi feito com pressa. Acordava bem cedo e procurava tudo o que te iria fazer começar para mais momentos só nossos. O pequeno-almoço tinha um toque especial, com um cuidado acrescido que te punha sempre um enorme sorriso de satisfação, afinal de contas ainda não sabias como era dormir e acordar comigo. Raramente terminávamos a refeição sem antes nos voltarmos a amar e era mesmo amor que fazíamos e até os toques pareciam diferentes, talvez porque nos sabiam ao sabor que só pode ter uma relação que caminha no mesmo passo.
Nada nem ninguém nos fez falta. A televisão debitava os sons que nem sequer ouvíamos e as pessoas que fazem parte de nós ficaram do lado de lá, até porque os sabíamos bem e fomos apenas nós em cada segundo. Desta vez consegui olhar, com enorme atenção e desejo, para cada pedacinho de ti. Memorizei todos os sinais, segui bem de perto até a forma como pestanejavas, quantas vezes e como fechavas os olhos quando te tocava, afagando os cabelos que gosto de cheirar, quando me meto toda em ti, permitindo que sejas tão meu que nada do que me pertence fica por te oferecer. A praia não serviu para nos banharmos, mas aproveitámos o sol, fizemos caminhadas longas, onde falámos de tudo e onde por vezes apenas nos deixámos sentir, de mãos dadas, tão apertadas, que a dor se substituía à certeza de estarmos ambos ali, um com o outro.
- Não sabia o quanto precisávamos de estar assim, de contrário já o teríamos feito. Já te disse hoje que
te amo mulher da minha vida?
- Por acaso disseste, mal abriste os olhos e soube-me tão bem que já só nos quero ter sempre assim,
apenas nós, porque não preciso de mais nada. Nem eu sabia que te podia amar desta forma.
Agora sei que sou a mulher que reconheces e que és o homem que preciso de ter ao meu lado e para isso bastou que nos mantivéssemos juntos, um no outro o tempo todo. Os duches foram sempre demasiado longos, até que o corpo reclamasse da posição e as nossas mãos já não tivessem mais corpo para percorrer. A cama nem se fazia, apenas se compunham os lençóis que teimavam em escorregar, talvez porque na verdade não eram precisos. Tudo à nossa volta parecia desaparecer e as horas, que antes nos fugiam, estendiam-se até que a fome nos acordasse e trouxesse de volta a este mundo. Se duvidas existiram, agora ficou-nos a certeza de que ainda temos muita estrada para percorrer, afinal de contas o mais importante já existe e tudo o resto virá naturalmente, encaixando-se nos nossos intervalos, quando pudermos parar de nos amar.