7.9.14

Não posso fugir de mim...



Não posso fugir de mim. Não teria onde me esconder. Eu sou a que vejo através de mim, a que sabe o que estou a sentir, como penso, como te penso e de que forma mantenho aprisionada a paixão que me vem corroendo.

Eu sou a única para a qual as portas jamais poderão ficar fechadas, mesmo que não tendo nada e não tenho realmente se tu não estiveres aqui, reste apenas eu. Já estiveste do lado de cá, já senti o teu poder materializado em forma de um corpo que me completou e me deu sensações que mais ninguém terá como, porque a pele só se arrepia, as emoções só se baralham, a saliva só se partilha, na boca de quem sopra palavras com um calor que nos enche e preenche por dentro, deixando que por fora toda eu fique radiosa, com uma luz que não se apaga e nem mesmo tu o consegues quando te afastas.

Não tenho como fugir de mim, como me deitar e morrer, não sei para onde poderia ir, de que forma deixaria de carregar cada centímetro de sentimento que me deixaste partilhar, mesmo quando não te tinha por perto.

Fugir não é opção, mesmo que pudesse e soubesse como, porque no final de cada dia, o que resta é tudo o que sou e sinto e se eu fugir de mim jamais te terei de volta!

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