A multidão fala, as palavras correm velozes, de boca em boca, dizendo o que é suposto, ou não dizendo nada, e será que as oiço?
Por vezes dou comigo a seguir os lábios e a imaginar sons que me caberiam, se coubessem no que espero e desejo para mim. Por vezes dou comigo a querer que não digam nada, que apenas façam silêncios solidários, e que percebam que para chegarem a mim, ao que entendo por válido e valioso, terão que saber MESMO dizer alguma coisa. Por vezes nada me consegue importar, porque nada do que digam soa a novo, a diferente ou a melhor.
Nem sempre é fácil estar assim envolta em palavras, ouvindo o que já sei e tendo repetições que me cansam e impedem até de respirar. Nem sempre o meu aparente dom consegue facilitar-me a existência, porque me tornei demasiado exigente e porque nunca desperdiço os sons. Nem sempre entendo algumas das palavras que usam, até mesmo eu, mas talvez seja porque não as usem nos momentos certos.
Será que oiço o que me faz falta de quem preciso? Não, de todo!
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