Será que te lembras, no nosso passado, das vezes em que começámos e terminámos?
Eu lembro-me do som da tua voz de cada vez que te recusavas a voltar. Era demasiado agudo para que me possa esquecer. Lembras-te de quantas vezes te pedi para parares, de me magoar e de usares as palavras que me poderiam, irremediavelmente, afastar de ti? Lembras-te de quantas vezes disseste que a culpa era minha e que apenas eu nos deixava, "assim", um sem o outro? Lembras-te de quantas vezes te conseguiste esquecer do amor que sempre disse ter, por ti?
Não sei porque começámos se não tínhamos forma de continuar. Não sei onde fomos buscar tanto sentimento, se o fomos apagando, um a um, dia após dia, até que morrermos um para o outro se tornou inevitável.
Será que te lembras, agora que terminou, de como foi bom o começo? Lembras-te das horas, muitas, seguidas, sem que nos conseguíssemos fartar de nós? Não sei quantas vezes dissemos que nos amávamos. Não sei quantas vezes sofremos perante a possibilidade de não nos virmos a ter. Não sei como aguentámos tanta espera e ansiedade. Não sei como desistimos quando o mais difícil já estava feito.
Por vezes a vida mostra-nos que o controlo, o nosso, é muito limitado, ou então prova-nos que não queremos o suficiente e que a distância que criamos, é resultado dos nossos medos, da nossa incapacidade em assumir um para sempre, porque nem sempre queremos que seja até quando deixarmos de ser.
Lembras-te do sabor que eu tinha quando ainda não me tinhas provado? E ainda te lembras ao que te soube depois?
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