Feelme/Eu, como me terás que ver...Tema:Desafio a duas mãos! Imagem retirada da internet |
Ele estava ali, muito próximo do rio que antes nos trouxera a antecipação do outro, mas na altura com imenso prazer e um friozinho bom. Não me canso de o olhar, tudo nele me trás a paz que tanto procuro, mas que agora vou inevitavelmente perturbar. Estou a tremer por dentro. O meu coração parece ter disparado e ainda nem me movi, tal como não o fez ele. Tão perto agora, mas a uma distância emocional gigantesca, eu movida pela minha verdade e ele por centenas de dúvidas que terei que confirmar. É sensível, o bastante, para saber que não vai gostar do que tenho para lhe dizer. Já conhece a forma como me movimento, desconfortável, quieta e nervosa, numa inquietude que passa a quem sabe para onde e como olhar. Ele já estava ali e eu teria que me aproximar...
- Olá Rui.
Sorriste-me sem qualquer chama. Engoliste em seco, mas abriste-me os braços onde me aninhei, talvez pela última vez e não tive como me conter. Chorei baixinho, sem soluçar, mas tão sufocada que só desejava poder juntar a minha alma à tua e parar de ser eu, por uns segundos que fosse.
- Lara minha querida, vamo-nos sentar.
Enlaçaste-me pela cintura e caminhámos, numa volta maior para que me pudesse recompor e escolheste o lugar de sempre. Agora tudo parecia carregar uma sensação de mil anos e eu sentia-me tão mais velha do que cada um dos séculos que pareço ter vivido.
- Há uma parte do meu passado que me está a ensombrar, mas eu preciso que saibas, primeiro que tudo o resto, que o que sinto por ti é real e impossível de dissimular. Estás a ser quem tanto esperei. Estás a dar-me tudo o que me completa...
- Lara linda, fala por favor. Não aguento muito mais.
Tentei olhar-te de forma firme, esperando que assimilasses cada palavra da forma certa.
Quando me separei vivi de forma desenfreada a minha solidão e conheci, num site de encontros, alguns homens. Foram todos chegando e partindo quase à mesma velocidade, mas o João, bem, com ele fui capaz de arrancar cada tabu e soube do que era feito o meu corpo. A minha ligação era a de uma pupila, estava literalmente a ter sessões de bom sexo e de prazeres que nem sabia existirem. Mas ele não parecia fartar-se e começou a envolver-se demasiado na minha vida. Tentei afastá-lo por diversas vezes, sobretudo agora, depois de te conhecer, mas o que quer que faça não parece resultar.
- Estiveste com ele depois de nós?
- Não Rui, nunca o faria, mas ele não para de me contactar e começa a assustar-me verdadeiramente.
- O que pode um homem fazer assim de tão extraordinário, para conseguir que uma mulher como tu se perca, para além de a amar?
Acabou de me matar! De que forma posso, sem o chocar, mostrar-lhe a minha faceta mais física. Eu sou bem mais do que o corpo que me carrega, mas preciso de cada uma das sensações que me mantém viva. Já me teve. Já sabe como gemo, movo e sinto, mas tudo o que me faz e recebe está envolto em amor e não em luxúria ou loucura momentânea. De que forma me vai olhar depois da minha resposta?
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