Nunca fui o que se apelida de mulher frágil, inquieta ou sequer preocupada em ser igual a todas as outras. Os meus caminhos têm sido percorridos na direcção dos amores que me movem e quando assim não for, então deixarei de ser quem construí. Nunca me lembro de sofrer, demasiado tempo, por quem não me deixa de coração pronto e capaz de tudo o que ainda tenho para receber. Gosto de ser gostada. Preciso que me conheçam e reconheçam e quando não acontece, desisto.
Não sei o que andas a fazer e o que esperas dos silêncios que me ofereces. Não é bonito que te cales perante o evidente, até porque fui eu que entendi o que nunca foste capaz de admitir. Não é bonito que tomes o meu corpo enquanto beijas a minha boca e estás a pensar noutra mulher. Não é bonito o mistério em exagero, porque a dada altura passa a ser uma penumbra e uma chuva miudinha em dias de muito frio. Não ser. Não estar e não cuidar, é apagar o que quer que tenha acontecido. Não é bonito mudar os ponteiros à bússula e procurares um outro norte enquanto me dirigia a ti.
Voltei a fechar-me, em mim e comigo. Passei a desejar nunca te ter conhecido, porque a seres quem mostras, tornas tudo demasiado pequeno, até o amor que supostamente senti. Voltei a não acreditar na verdade que supostamente os outros carregam, porque as mentiras são muito mais sonoras e reais. Voltei-me para o que já escolhera antes, e que foi cuidar do meu futuro, fazendo o que ainda me tornará maior.
Retiro cada palavra bonita e até os suspiros de prazer que me proporcionaste, quando achei que o que me davas era para mim. Retiro os minutos e horas que te ofereci, porque nunca fui apenas eu e nunca estiveste sempre apenas tu. Retiro a benevolência, porque essa levar-me-ia a aceitar-te de volta e retiro as perguntas que te queria fazer, porque já nenhuma me importa. Retiro-me de ti!
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