As mãos tocam, afagam, acariciam faces, corpos, cabelos. As mãos mostram, sem palavras, o quanto desejamos outra pessoa e até onde podemos ir. As mãos, as minhas, são o meu reflexo, são a minha marca.
Não gesticulo em demasia, controlo cada possível descontrole, gosto de passar, pelas mãos, a minha firmeza, mas também a minha capacidade de me manter pouco exposta, porque não tenho que ser "sonora" para me fazer ouvir. O que seria de mim, sem as mãos que me tranquilizam, quando mais ninguém está suficientemente perto? O meu corpo sabe do que falo, todo ele, a minha alma usa-as para que saibam o que sinto, como, quando e com quem.
Estou a olhá-las, como não me esqueço de fazer, todos os dias, porque são do formato, do tamanho e da determinação que me caracteriza. Com elas serei capaz de fazer nascer e de matar. Com elas uso o que aprendi para que possa mudar o meu mundo e o dos que conseguem fazer parte dele. Com as minhas mãos sei que te tocaria agora, da forma que certamente, precisarias para que tivesses a certeza de que nunca se movem em vão, e que a fazê-lo terá que ser no corpo certo, num outro para além do meu, e com elas sei que seria capaz de nos juntar.
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