Não sei ao que sabem os teus quando não estão na minha boca. Não sei a quem beijas para além de mim, mas sei que não sou apenas eu. Não sei porque achaste que te iria querer beijar, quando o fizeste apenas para me provar, mas acabaste a levar o meu sabor, deixando-me o amargo que agora carrego, dorida e sem nada que me arranque o que implantaste.
Os teus beijos partiram como chegaram, rapidamente, sem nada que me fizesse acreditar que me pertenciam, até durante o momento em que me seguravas com ambas as mãos, a cara que encostava à tua e me olhavas tão dentro, que me desnudavas.
Que encantamento lançaste e porque durou até quase nada de mim restar? Como conseguiste esconder-te, para que visse apenas o que me interessou? Como foi que usaste o teu amor, se é que alguma vez existiu, para que eu nunca duvidasse, até já não ter para onde olhar, nem a quem?
Quem fantasiou quem?
Quem usou ou foi usado?
Quem se enganou afinal?
Nunca prometeste nada. Nunca disseste o que não perguntei, porque nunca perguntei nada. Nunca me mostraste o que não existia. Nunca me pediste para que te aceitasse, porque nunca te deste, fui apenas eu que achei que me poderias pertencer.
Os teus beijos, aqueles que senti e que me fizeram sentir-te, estão a fazer-me doer. Não consigo parar-me, não de me magoar, nem de chorar para dentro pela dor que me infligiste e que teima em não desaparecer. Os teus beijos nunca foram meus, nem só para mim...
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