Sempre disse que daria tudo para ter quem me seguisse, quem não soubesse viver se não me tivesse por perto, alguém que sentisse as minhas palavras, tão fundo, que todas as outras fossem apenas o que se precisa de usar para nos juntarmos ao resto do mundo. Daria tudo para saber de quem pousasse um olhar fixo em mim e conseguisse auscultar-me por dentro. Alguém em quem me encostar para que todas as dores do mundo se subtraíssem, tendo quem planeasse ver-me, nos mesmos lugares, até que os nossos corpos se recusassem obedecer-nos, mas que deixasse de importar, porque estaríamos a envelhecer juntos.
Gostava de poder mostrar, sentir e viver, um amor que me fizesse mergulhar nos mesmos mares dos quais tenho medo de morte, talvez por já ter morrido em algum. Um amor que me levasse a perdoar cada falha, com receio de falhar também e a ponto de perder quem realmente importasse. Gostava de poder dizer, a alguém, todos os dias, tal como o sinto agora, que por ele me superaria e iria até onde fosse preciso para ser a pessoa que visualizasse em cada pedaço do seu futuro. Sei que a forma como o amaria me faria ser amada de volta e que se o perdesse procurá-lo-ia e iria até no inferno, ao lugar de onde dizem nenhuma alma ter jamais saído e trá-lo-ia de volta, para que estivesse do lado de quem o respiraria e saberia como lhe entrar dentro. Nada, nem ninguém nos roubaria um segundo que fosse a mais do que aqueles que já teriam que nos arrastar para longe um do outro, porque viver infelizmente tem outras nuances, mas seria intenso, sentido e desejado, tanto que não precisaria de lhe dizer o que escrevo agora, porque já o saberia, já me teria encarregado de o provar.
Vou aprendendo a tranquilizar-me e a saber esperar, porque hoje, mais do que ontem, sei que o terei outra vez e que o reconhecerei em qualquer outra vida. Acreditem que se o tiraria até do inferno, então também o conseguirei encontrar, em qualquer rua de um novo destino na hora certa, naquela em que passará para que o veja realmente!”
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