Somos demasiados desiludidos, almas que vagueiam na noite com medo de ter medo de tudo. Estamos mais apagados e mais descrentes e procuramos apenas seguir, sendo nós e não pensando demasiado. Percebemos que não controlamos nada e entregamos os pontos para não aceitar o errado, dando-o como certo e apenas sobrevivendo, mas somos demasiados apenas a sobreviver. Temos razões que nos dizem estar certos e vamos recusando explicações que deixaram de se encaixar, talvez porque já não nos encaixemos em lugar nenhum. Somos demasiados sem esperança e sem planos que incluam os que não parecem pertencer. Somos demasiados e estamos a aumentar assustadoramente...
Não quero lugares vazios. Não partilho corações partidos, nem me fixo em dores que ainda assim me fizeram crescer. Não penso demasiado no amanhã, mas não o descarto, desistindo de quem me pertence. Não uso palavras amargas, porque ainda não me escureci o bastante para não ter como ser salva. Não estou em buscas desenfreadas, não do amor que nunca procurei, mas não desisto do que ainda posso partilhar.
Somos demasiados a percorrer o caminho sozinhos. Não sei a quem culpar, nem como o explicar, mas não quero juntar-me, apagando-me!
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