Ficámos deitados a permitir que o tempo passasse e os toques se prolongassem, porque não precisamos de correr e nada parece precisar de pressa para que saiamos de nós, do nosso mundo e vontade. Falámos durante horas, sorvendo os cafés que nos reforçavam a temperatura que já atingíramos assim que nos tocámos, percorrendo o corpo que o nosso anseia por ter a cada final de dia, mas com o qual começa um outro e se prepara para mais uma jornada onde estaremos definitivamente juntos.
Ficámos só os dois, sem querer que ninguém nos interrompesse e arrancasse do momento que mais nenhum outro poderia sobrepor. Lembrámo-nos do que nos juntou e porque razão os anos se estendem sem que o sintamos passar. Rimo-nos das piadas repetidas, mas que nas nossas bocas carregam bem mais do que riso, têm-nos em cada uma e porque nos entendemos, sabemos quem somos e representamos para o outro.
Ficámos no nosso pedaço de mundo, hoje, sem pensar no que nos reserva o futuro, porque ele só poderá ser o que decidirmos fazer e fizemos amor devagar, não deixando nenhum pedaço de pele por explorar e explorando a nossa ainda presente capacidade de ligar todos os botões que apenas o outro encontra. Ficámos mais suaves e deixámos para o resto do mundo o que já não cabe no nosso. Se nos soubermos proteger, ficaremos definitivamente protegidos de quem apenas nos sorve a energia e nos rouba o que cada um terá que ter para que nos tenhamos sempre, assim, sempre que o tempo permitir e assim, sempre e de cada vez que nos permitirmos ainda mais amor.
Ficámos como temos sempre tentado estar, apenas nós!
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