O que precisas não é do que está em falta, ou sequer do que sonhaste e colocaste numa rigorosa lista que ninguém parece conseguir igualar. O que precisas já tens, existe e está à distância da mão que quiseres estender, porque seguramente será tocada por alguém. O que precisas e que acreditas ter critérios tão rigorosos que deverão ser preenchidos, é tão somente do amor que sentes e que deverás permitir para que te amem de volta. O que precisas é de mim e se não me tiveres nunca saberás a falta que te poderei fazer!
O amanhã continua a parecer mais importante do que o hoje que está aqui, e é nele que nos focamos, numa busca que não cessa e que nos delega para segundo e terceiro lugares. Esperamos pelo que ainda não temos. Procuramos os sabores novos e desprestigiamos os de sempre e carregamos desejos que já poderiam ter sido satisfeitos, se ao menos nos ouvíssemos com atenção e não comparássemos, de forma incoerente, o que nunca poderá ser nosso. O futuro parece a tabela para as conquistas, os sucessos adiados e até os lugares que já deveríamos conhecer. Mas o futuro é tão somente um momento no tempo que seguramente iremos abraçar, porque é no aqui e agora que todos os abraços nos deveriam saber bem. O futuro é o que nos impulsiona a não repetir passados, a alguns de nós, mas a outros, será apenas a roda que gira sem interrupções e na qual não se medem distâncias e se ignora comportamentos que nos marcam como ferros em brasa. O amanhã virá, talvez para mim e para ti, mas visto ser tão impossível de prever quanto de sentir, só nos resta o hoje para que a preparação seja bem feita.
O que precisas é de precisar de cada vez menos, porque com o tempo, os olhares mais sábios e as escolhas mais serenas, terás sempre o que te faz falta. O que precisas é de já não precisar de mim, sabendo que já estou aqui.
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