Estar quieta, usufruir do silêncio e parar de lutar contra o mundo, é tão restaurador quanto uma longa noite de sono. Estou cada vez mais capaz de aceitar o que me chega, acreditando que é o certo e que só poderá ser no "agora". Sinto-me mais resistente a embates que nunca terei forma de controlar e controlo a cada dia o que já sou, respeitando o que tanto apregoo. Ouvir os sons que os outros parecem abafar com palavras vãs, tem-me tornado mais recetiva a tudo o que preciso mesmo de ouvir. Sei de que forma vou sentir a chuva mal chegue e como permito que o sol me toque sem que me fustigue demasiado. Estar quieta também me deixa a respirar de forma descompassada se a mente viajar demasiado veloz, mas apenas acontecerá pelo tempo que me permita fugir da realidade que ainda é demasiado nova para ser aceite. Estar quieta tem trazido ao de cimo o melhor de mim.
Já fui contestatária, demasiado opinativa e uma acérrima defensora dos direitos que decidi adquirir. Já fui a que dizia sempre o que fazia sentido aos outros, ouvindo-os para lá do tempo que me devotava. Já fui muito pouco tolerante, mas decidi tolerar a minha eterna capacidade de querer ser melhor hoje do que ontem e passei a aceitar quem escolha nunca mudar. Já fui muito em pouquíssimo tempo, mas passei a ser muito mais sem qualquer correria desenfreada ou necessidade de validação.
Estar quieta enquanto vejo os que correm sem que saibam exatamente para onde, deixa-me ainda com menos vontade de não apressar o que apenas será bem feito se for convenientemente ouvido e entendido. Estar quieta não significa que tenha desatado a permitir tudo, ao invés sinto que já entenderam que apenas permito o que me mantém a paz.
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