17.8.22

Leva-me para casa!



Leva-me para casa. Segura-me as mãos e diz-me que vai tudo ficar bem. Aperta-me forte nos braços que sempre me abraçaram mais do que o corpo que sinto frágil e sem que o reconheça, porque me susteve corajosamente todo este tempo. Leva-me para casa, mesmo que não saiba o que representa e que morada escrever para que me reencontre enquanto finjo não estar em lugar nenhum. Tira algum do peso que me verga os ombros e mantém-me de pé, porque não posso cair, não ainda e sobretudo não agora. Leva-me para casa já que pareces saber onde fica e até dizes ter-me reconhecido enquanto abria a porta que o meu coração tanto desejava fechar. As janelas já não pareciam deixam passar a luz e as cores das paredes, as de dentro e de fora, estavam a escorrer como se o quadro tivesse sido mal pintado, mas foi assim mesmo que me viste e tens sido tu a manter-me acordada, até quando os sons não me chegam, ou acabam por ser tão altos que nem ouço o coração bater. Leva-me para casa enquanto consigo quere-lo, querendo que o que me afastou me deixe regressar. Leva-me para casa, nem que seja ao colo, mas não me deixes continuar por aqui, assim, muito mais tempo.

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