Já te confessei que me assusta a tua determinação, essa vontade de ir, de arriscar e de fazer acontecer. Não sou a melhor parceira para quem pretende desbravar mundos, começando ou recomeçando onde ou quando a vida o permitir. Faço demasiados cálculos matemáticos, penso e repenso nos efeitos que muitas vezes são colaterais e amassam almas que precisam de viver soltas e livres. Tenho medo de infligir as mesmas dores das quais já padeci e talvez por isso, ou melhor, é mesmo por isso, que me mantenho no meu canto, provavelmente deixando "fugir" quem me faria voltar a viver.
Não estava à tua espera, na realidade nunca estamos, mesmo que por vezes o procuremos. Sem ti o dia teria sido apenas mais um, mas deixaste-me a pensar, sobretudo em mim e no muito de que abdico, para que seja seguro e para que a paz não me volte a abandonar.
Já usámos umas quantas palavras, mas não sei o que foi que te chegou de tudo o que disse. Talvez te tenha motivado pela renitência e alguma teimosia, ou talvez estejas também tu a ser teimoso. Já iniciámos um percurso que poderá até terminar amanhã, mas que por ora serviu para que vá retirar alguns items à lista e definitivamente acrescentar outros.
Não te disse o que certamente gostarias de já ter ouvido, mas falei-te nos muros e nas armaduras com as quais me tento proteger. Já nos dissemos algumas coisas, durantes uns quantos minutos e já te falei do lugar emocional onde me encontro, mas esqueci-me de te deixar um obrigada por ter conseguido ser eu, mesmo que isso te confunda.
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