Se te magoa está errado. Se até os pelos se eriçam perante tanta dúvida e medos que se avolumam, está errado. Se os sabores que reténs na boca são mais amargos dos que desaparecem, rapidamente, porque rápido é o que não nos sustenta e segura, está errado. Se o teu corpo pede pelo corpo que apenas usa o teu, dando-te um prazer que está longe de ser real, porque em cada êxtase permaneces ainda mais vazia, está errado. Se nunca tens um lugar, nem sequer no coração que o arrebatou, está errado. Se as histórias que continuas a escrever têm apenas uma personagem, a tua, então é porque estás tão sozinha quanto começaste, mesmo achando que poderias mudar algumas vírgulas, por isso está errado. Se te sussurram ao ouvido as mesmas palavras que vão servindo a outras, sem qualquer esforço ou cuidado para que sejam únicas, está errado. Se os músculos te doem após o que passa a parecer uma corrida íngreme e sem fim, até quando estás abraçada a quem apenas tem um lugar temporário, por excessiva ocupação, está inequivocamente errado. Se acordas e adormeces a saber o quão longe tudo está de alguma vez ser certo, estão estás tão errada que dificilmente saberás de que forma acertar o que te restou.
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