Estou vazia, sem alma e perdida, porque me deixei perder. Estou a perceber que até o que escrevo deixou de ser meu. Não sei para onde fui, quem é esta mulher agora, mas certamente que já não é a mesma. Estou vazia porque passei a deixar-me ir em sentimentos que poderão até nem ser os meus.
É mecânico. É frio e pouco natural. Deixou de ser apaixonado e apaixonante, deixei de ser eu!
Nunca me apaguei, não antes, não desta forma e nem sei porque o faço agora. Nunca foi tão pouco colorido, mesmo que negro, mesmo que sofresse, chorasse e gritasse sem sons. Nunca me deixei sem sabor, porque tinha sempre algum que identificava. Nunca parei de querer mais, da única forma que conhecia, com um desejo que me alimentava e transformava nos sonhos que queria sonhar. Nunca esperei parar de esperar e ao ires-te, fui-me eu também.
Pode ser que o tempo volte. Pode ser até que a minha veia e alma regressem, mas nunca mais serei eu, porque me deixei ir, porque desisti de mim e do que me incendiava num fogo bom.
Estou vazia, sem as músicas que dançava até que dançar fosse eu mesma. Estou vazia do que conheço, porque sempre me conheci, mas agora, no meu agora, restou muito pouco.
Quem sabe gritando e correndo mais veloz, não me reencontro. Quem sabe parando o que parecia ter iniciado da forma certa, não me tenho de volta, porque esta, eu, está vazia...
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