Medos de escritora! Medo de falhar as palavras, os timings, a junção das ideias que levarão à história. Medo do vazio, de um cérebro cheio de conteúdo, mas que não se restaura para o colocar em páginas, é basicamente disso que sentimos medo, ou direi melhor, PAVOR!
Para ser mais simplista, vou dizer que sinto medo das brancas, de não ter como me colocar em cada palavra, de não fazer sentido, ou simplesmente de ser demasiado intensa e confusa. O facto de já escrever há alguns anos não facilita em nada, porque subo eu mesma a fasquia, deixando todos à espera de mais, de melhor, das sensações e emoções que mudam, por breves minutos, os que consigo levar até ao meu tempo e lugar. É suposto sabermos fazer sonhar, termos a capacidade de ampliar desejos, de despoletar vontades e habilidades nunca antes pensadas. porque parecemos conseguir mover máquinas deixadas em armazéns, sem uso e a precisarem de olear. Algumas até obsoletas. Ficamos imóveis nas nossas vidas, enquanto criamos outras, atravessando corredores de tempo e espaço e chegando onde mais ninguém parece conseguir.
Ainda pareço conseguir manter um esquema próprio, um mecanismo que vou despoletando, por vezes miraculosamente, que me leva os dedos ao teclado e simplesmente espalha, vomita, larga e despeja palavras, umas atrás das outras, sem que as controle, ou controlando-as tanto que acaba a sair demasiado de mim em sons que deveria manter dentro. Ainda vou sendo incrivelmente fértil e entusiasta o bastante para não me demover do que me deixa com esta sensação que reconheço, um prazer que vem não sei muito bem de onde, mas que fica nos lugares certos, permitindo que me continuem a desejar ler, sabendo como distinguem a minha escrita e insistindo para que não seja igual, porque a sê-lo, retirava-me sem reforma, deitava-me e demovia-me de fazer o que não viesse com algum talento. Ou faço bem, ou não faço de todo.
Para já ainda vou conseguindo afastar medos, veremos lá mais para a frente!
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