Nós, eu e tu, começámos há algum tempo atrás por motivos que não se explicam, mas acabámos por ficar e mantivémo-nos. Tu e eu, da única forma que sabíamos, iniciámos uma viagem que até conseguimos prolongar, durante algum tempo, nos mesmos lugares. Eu e tu fazíamos sentido, porque queríamos as mesmas coisas e da mesma forma.
Agora, no nosso presente, acumulamos dramas, acusamos cansaços e temos mais momentos maus, deixando que tudo o que já foi bom morra. Nos nossos dramas estão os medos, envoltos no cansaço que sempre se apodera de quem deixa de amar. Nos nossos momentos já não estão os sonhos que até sonhávamos juntos. Nos momentos que nos sobraram, já nem nos olhamos, porque fazê-lo seria assumir o que queremos ambos e a verdade é que deixámos de querer.
Já não temos como voltar atrás. Já não somos dois com vontades que nos deixavam cheios de vontade de nós. Já não somos capazes de mudar o que até parece assentar-nos e sossegar-nos. Antes, há algum tempo atrás, serias quem me impediria de cair. Teria sempre beijos suaves e cheios de mim para te dar. Antes, muito antes do que já parece ser uma eternidade, sentimo-nos o bastante para sabermos quem queríamos ter na nossa vida.
Ninguém resiste, não por demasiado tempo, aos mesmos dramas e aos mesmos momentos sem sabor e sem entrega. Ninguém deve assistir, inerte ao que já não se consegue recuperar, salvando assim o que ainda restar de um e de outro. Ninguém é obrigado a amar sem amor e a desejar os desejos dos outros. Ninguém é forte o bastante para continuar a ser forte enquanto a mágoa se instala.
Eu e tu já não somos e mesmo que todos os anos que nos roubámos permaneçam, não permaneceremos nós!
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