Feelme/Sinto o medo colado às entranhas...Tema:Desafio a duas mãos! |
Algumas pessoas têm como missão voltar à nossa vida, uma e outra vez, para nos ensombrar e é por isso que estou agora a pagar, caro, os momentos menos bonitos do meu pós-divórcio. Ficar sem o Artur após quinze anos de uma vida em comum e sonhos, aparentemente partilhados, atirou-me para uma solidão que não entendia e escolhi escolher, achava eu, quem entraria de alguma forma na minha vida. Inscrevi-me num site de encontros e conheci uns quantos homens. Vieram nos mais diversos formatos, partidos, sádicos, irracionais e melodramáticos. Testaram a minha capacidade de os afastar tão rapidamente quanto começavam a processar cenas dignas de filmes de faca e alguidar, e foi quase sempre fácil, até à chegada do João, porque para este não estava preparada e quase que me fez perder num mar de águas menos claras.
Estou a pensar de que forma posso contar-te que estou a ser assediada, diariamente por quem aparenta não pretender desistir de mim. Não queria que soubesses de um passado do qual não me orgulho, mas que insiste em me ensombrar. Tenho tanto medo de que desistas de mim e me forces a ter que te voltar a "chamar", num amanhã que certamente já não será nesta vida. Preciso de parar com esta sensação que me sufoca e quase impede de respirar.
Ter a minha cabeça no teu ombro estava a passar-me uma falsa sensação de segurança, porque não tenho como saber se me irás realmente proteger ou se os teus olhos, os mesmos nos quais me mergulho para ter a vida de volta, se vão fechar por não saberes como lidar com a mulher que já chamas de tua. Dói-me saber que te vou fazer doer. Arrepia-me o julgamento a que me sujeitarás bem como o medo que te vou passar, inevitavelmente.
Se eu pudesse, mudaria TUDO o que vai certamente mudar tudo aquilo que já tinha de melhor. Se eu pudesse e tivesse como, poupava-te as histórias que vais ser forçado a ouvir, sobre mim e sobre o que tive que aprender enquanto aprendia o essencial sobre mim, a mulher que sou hoje. Se eu pudesse refugiava-nos no amor que nos cobre enquanto sem qualquer roupa, apenas nós, conseguimos deixar o mundo lá fora... conseguíamos, porque hoje, de alguma forma, ele vai entrar de rompante para nos testar.
- Precisamos de falar meu querido.
- Eu sei que sim, estou à tua espera.
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