Decididamente, nunca cheguei a saber nada de ti. Já percebi no entanto que carregas mais do que consegues e que as tuas dúvidas e medos se alastram para quem chega, sem cobranças, sem demasiadas expectativas, apenas com desejo de ser desejada e depois retribuir.
Ainda não me conseguiste falar nela e talvez nem seja preciso, mas continuo a ser mulher e a minha curiosidade e sede de explicar até o inexplicável, vai ter que ser satisfeita, de contrário sei que me afastarei, irremediavelmente, sem te dar qualquer possibilidade de retracção. Ainda não voltaste a olhar-me nos olhos, para que te visse por dentro, mas a tua cabeça baixa fala por ti. Gostava de ser amada assim, como o fazes por quem não ficou. Ainda não me tocaste e já nem pareces ser capaz de o voltar a fazer, mas isso eu entendo, até eu consigo, na dor que me rasga, entender que apenas te andaste a enganar, procurando a felicidade que te iludiu e te carregou ainda mais o semblante. Ainda não me disseste o seu nome, não que importe demasiado, mas precisava de ter alguém real, para contrabalançar a minha realidade.
Não sei o que estou a sentir. Não sei se te culpo pela incapacidade de seres verdadeiro comigo. Não sei se deveria ter percebido, ou se foste demasiado bom actor. Não sei nada do que julgava saber, mas na verdade agora já se está a tornar fácil, demasiado fácil de aceitar. Talvez o explique se entender que deste uns quantos sinais, porque os teus pensamentos viajavam longe, eu sentia-os quando ficava quieta, soprando o fumo do cigarro, nua, de roupa e de histórias em comum, por cada uma das varandas por onde vi alguns rios. Os teus sonos não eram tranquilos e o acordar tinha sempre um sorriso meio triste. Não sei se foi sempre comigo que estiveste, quando estavas, mas essa parte, vou tentar expulsar de mim, porque aí sim seria demasiado insuportável.
Não te conheço, é um facto. Não houve tempo, mas houve muito amor do meu lado, sempre e desde que te ofereci o primeiro sorriso, isso sei...
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