De cada vez que termina um ano, devem terminar as relações causticas e as pessoas que apenas passaram de raspão, mas que nos lascaram parte da alma, sobretudo pelo muito que lhes falta ter. De cada vez que nos formos, para outro lugar, vida, ou relação, para trás deverá ficar quem nunca esteve realmente, não pelo tempo que nos fizesse querer esperar.
Alguns, ainda poucos, procuram o sentido do que são e fazem por aqui. Outros tantos, a maioria que anda à deriva, testam-nos diariamente, mas também nos fortalece e assegura de que estamos certos e eles perdidos, irremediavelmente.
De cada vez que mais um ano se aproxima do fim, tendo a limpar coisas, lugares, momentos e sobretudo pessoas, porque no seguinte, naquele que irá exigir ainda mais de mim, apenas quero quem eu queira realmente. Não faço favores. Não olho duas vezes para o mesmo lugar degradado e não dou segundas chances a quem foi tendo várias da vida e as descurou todas. De cada vez que as horas vão passando, rápidas, numa contagem decrescente para o "final" de muitos na minha vida, distancio-me o mais que posso e não volto atrás, uma vírgula em tudo o que disse e fiz.
Ao que muitos apelidam de dureza e alguma implacabilidade, eu chamo de determinação e respeito por quem sou, porque nesta vida, a que ainda me restar, quero ser TUDO, INTEIRA e VERDADEIRA. Os revezes da fortuna não me mudam por dentro, apenas consolidam o que fiz por ser. Os buracos na estrada forçam-me a desvios, mas não me alteram a rota. O nascer e o por do sol asseguram-me de que continuo por aqui, viva e ainda mais sábia!
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