O que é certo afinal?


O que corre de igual forma dia após dia? O que podemos esperar do amanhã, que seja como hoje e que se torne previsível? O que é certo afinal? Alguns dirão que nada quando é tanto o que não controlamos. Outros viverão na eterna recusa do futuro, achando que o poderão antecipar e viver quando chegar.

Gostava de te ter guardado numa jarra transparente, para te ver e poder manter no mesmo lugar. Gostava de saber, com alguma certeza, do que te falaria se eventualmente nos falássemos, mas a verdade é que sei tão pouco do que queria certo, como é incerto aquilo de que gostarei amanhã...

O que é certo afinal se nem o amor permanece?

Sinto que a vida me escapa e que pouco faço para fazer diferente. Sinto que preciso de ser alguém por quem se espera, mesmo que não espere nada de ninguém. Não pareço estar por aqui, de corpo presente, até quando falo e digo o que aparentemente conta. Não me alheio o bastante, porque não mo permito, mas queria permitir-me um alheamento que me confortasse e assegurasse de que não querer mais pode ser bom., Sinto menos medo do que antes, mas olho-me mais assustada, porque não me quero saber perdida de mim, não para o futuro que até me esforço por criar.

O que é certo afinal, se não tenho certezas de nada, ou terei de muito pouco? Talvez o meu mundo fosse melhor, se ao menos pudese viver nele como sou. Talvez não tivesse que ser tão eu, mas quem seria e como me veria se não me questionasse vezes que bastassem e continuasse, assim, a querer saber do que nem eu sei?

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