Quando a vida passava de forma acelerada, sentia-me presa, sem saída, sem querer pensar demasiado e não tinha tempo para processar emoções profundas, nem sequer dores ou anseios, porque quem precisava de mim continuaria a precisar, para se alimentar, para os assuntos da escola e para os sentimentos ao rubro, é que mesmo perante o caos, as necessidades continuavam lá. Não tinha tempo, mas precisava de escapes, de saídas, de gritos com sons que não assustam e foi assim que a escrita chegou e me curou. Ser brutalmente honesta sabe-me pela vida. Escrever sobre o que sinto e outros também sentirão, retira algum do poder que a maldade usa para me tentar enfraquecer.
" O silêncio é amigo de quem atormenta, não de quem é atormentado" - Elie Wiesel -
Temos que saber usar as palavras para mudarmos o que nos atormenta e não o contrário. Mas... e o mas existe sempre, não o podemos fazer de qualquer forma, achando que vale mais dizer algo disparatado, do que pensar, repensar, reconsiderar e ajustar. Nunca mais me permiti silêncios quando tinha que me falar, nem aos que precisavam de saber quem sou para me adicionarem às suas vidas, ou me retirarem para sempre. No entanto quando digo tudo o que me cabe, depois de tecer todas as considerações, acabo sempre por considerar que me devem uns quantos silêncios para que a paz regresse e é nessa altura que nunca mais volto a proferir qualquer palavra.
A vida já não passa de forma acelerada, agora tenho o tempo que o meu tempo precisa para que possa ser a pessoa que exijo aos outros. A vida já não precisa de me repetir que sou a minha pessoa mais importante, porque finalmente o entendi e é assim que me trato todos os dias.
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