Deixas que te deixem nervoso, com receio de mostrares quem és. Aprumas-te e tornas-te bonito por fora, brilhando e rodopiando para que te aprovem, mas apagado por dentro. Revolves corpo e alma na esperança de ser o que se espera e já esperando muito pouco do que te vai chegando. Caminhas sem qualquer certeza, não do caminho que continuas a fazer, porque sabes que outro te espera. Ris sempre porque chorar diria muito de ti, mas estás desgastado de tanto fingir. Ocupas apenas parte do espaço que te cabe por direito, mas estás tão encolhido que já quase não sentes as dores que agora te acompanham a toda a hora. Vestes-te de cores que não te reflectem e há muito que o teu brilho se apagou deixando-te apenas com os cinzentos da vida.
Tens medo de gritar que és outro e que tens MUITO mais do que te permitem mostrar. Tens vontades que nem tu entendes, mas querias apenas senti-las, sem explicações e com a certeza de que apenas assim saberias de ti. Tens dentro de ti a criança que se perdeu para o adulto que desistiu de ser e que apenas tem o que lhe permitem. Tens a cara marcada pelas escolhas erradas e já nem te olhas no espelho que em vão te grita para que pares e te assumas. Tens tudo para ser feliz, mas continuas sem acreditar.
Porque deixas que te digam o que dizer e te façam o que nunca farias? Porque continuas frágil quando até já provaste da tua força, a mesma que em vão reanimas, noite após noite? Porque não os deixas apenas falar, esperar e ordenar e te ordenas a parar de esperar e a fazer TUDO o que já é teu direito? Porque não começas já hoje e te surpreendas com o tempo que ainda tens? Porque não olhas para veres e te ouves sem mais medos? Porque não sobes mais alto e chegas até à lua se preciso for, mas indo e sendo? Porque não escolhes ser a pessoa que verdadeiramente te importa?
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