Vivemos num mundo onde a dualidade impera e no qual tudo tem duas faces, por norma a boa e a má, mas o que fazer quando as duas forem más? Caramba, que trabalheira, procurar algo de bom num inferno instituído, tentando salvar algo de quem diz, consecutivamente, que o inferno são os outros. Vivemos confusos, de forma diária, dando nomes errados a determinadas características. A auto-estima pode ser confundida com narcisismo. Somos nós que comandamos a nossa vida, é um facto e sabê-lo é primordial, por isso temos como criar a nossa realidade, afastando os que se recusam a olhar o outro, vendo-se. Para muitos, a cada dia mais um punhado, o outro não existe, só cá estou "eu", está resolvido, é mais fácil e não obriga a reconsiderar.
Se ainda consegues manter a noção do outro, sabendo que ele existe, tem sentimentos, dores e imperfeições, então estás no caminho certo, porque quando procuras isto e aquilo no outro, estás tão simplesmente a ver-te. Ser confiante e ter auto-estima é aceitar os que chegam, cada um no seu formato, mas não permitindo que nos mudem apenas porque sim. O raio do mundo continua a não girar em torno de cada um de nós, aceitem-no e mudem enquanto têm tempo, de contrário vão ser apenas mais um velhinho abandonado à solidão emocional e incapaz de se devolver o poder de restaurar tudo o que fez de errado.
Eu, eu e eu, é esta a nova forma de vida. Eu posso, eu consigo, eu tenho força, eu tenho poder, blá, blá, blá. Ser UM é muito importante sim, quando temos ao redor apenas pessoas acomodadas e com crenças limitantes, deixando-nos no chão. Nessa altura percebemos que a força está em nós, longe dos que apenas reclamam e devemos usá-la. A empatia já não parece importante e o que importa verdadeiramente é ver o máximo de coisas negativas nos que ainda nos vão amparando os golpes, até ao dia em que se cansem.
Vivemos num mundo tão grande, mas cada vez mais pequeno para o que importa e está a tornar-se solitário filtrar tantos, percebendo que sobram tão poucos.
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