Olho para os teus olhos e percebo que a luz se apagou. Já não me vês e também já não partilhas dos mesmos sonhos. Olho e tento ver para onde fomos ambos bem como o amor que nos juntou, mas não encontro qualquer resposta.
Então é isto que acontece quando a chama se esfuma. Passamos a navegar nas mesmas águas, mas um vai e o outro vem de volta, focado numa margem diferente. Então é assim que se passa a sentir a solidão estando acompanhado. Deixamos de produzir e procurar momentos a dois, agora corremos para a multidão que nos esconde de nós e impede de nos olhar-mos, como estou a fazer agora, desesperadamente à procura de algo que me diga que ainda vale a pena, mas nos teus apenas o vazio.
Focámo-nos nos nossos e nas responsabilidades, mas deixámos de lado a criança que deveria ter sido mantida viva. Deixámos de nos segurar na nossa "ilha" e fomos invadidos pelo comum, sobrepondo-o ao que é importante. Afastámo-nos, sem demasiada programação, mas programando o fim inevitável. Adiámos o que deveria ter estado sempre aqui e perdemos os dois.
Olho para os teus olhos e eles estabelecem contacto, algo tristes e talvez incrédulos, porque certamente deixaram de se recordar do que nos aproximou. Olho bem fundo dos teus olhos e sorrio-te em confirmação, porque a verdade é que desistimos ambos. Olho-te, uma última vez, para que me possas ver afastar e desta vez sei que não me pedirás para ficar.
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