10.2.22

Incursões ao passado...


Deveríamos saber de que forma nos proibir as incursões ao passado, por mais curtas, porque na verdade magoam e fragilizam mais do que curam e resolvem!

Estar distante do que me deixou impotente e tão vazia que me mudou para sempre, é o que tenho feito, mas e porque também sou humana, escolhi espreitar o caminho das palavras escritas e trocadas quando ainda acreditava ter o poder de mudar quem me fez saborear um amor que parecia maior que eu mesma. Li cada uma e senti TUDO da mesma forma que então. Ouvi os sons, encolhi-me com as lágrimas que acabaram por me lavar por dentro e ainda consegui sorrir algumas vezes à paciência e entrega que já não ofereço, não a quem não me consegue ver, entender e respeitar. Arrepiei-me com as desconfianças e todas as inseguranças que apenas nos afastaram. Percebi que a dado momento deixáramos de nos perceber e que cada um desfilava as suas dores sem se saber parar, talvez por  autodefesa ou total desconhecimento. Ouvi as músicas que me acompanhavam enquanto me sentia o ser mais só do planeta e me escondia dos que pretendia proteger. Recordei mais do que desejava, mas ainda assim desejei poder reverter o tempo e falar à então mulher de asa quebrada, para lhe assegurar de que iria sobreviver e sair ainda mais fortalecida de tudo. 

Deveria ter confiado mais em mim, largando de sopetão a mesma mão à qual me agarrei, mas lá, no que hoje chamo de passado, não sabia nem tinha mais. Deveria ter vivido com mais intensidade, porque sempre soube que terminaria, mas porque sempre fui contida e sensata, cometi a insensatez de me aprisionar. Deveria ter beijado mais, abraçado com mais força e feito ainda mais amor, dando ao corpo os prazeres que agora me recuso. Deveria ter olhado com atenção para dentro dos olhos que me viam, assegurando-lhes de que ficaria tudo bem e que acabaríamos a sobreviver à falta que seguramente ainda sentimos da pessoa que ambos julgávamos existir. Deveria ter feito muito, mas agora devo-me a dormência e a tranquilidade que já não precisa de ser dissimulada, porque se instalou. Deveria, lá atrás, mas somente no passado que me inspira a ter um futuro à minha altura, porque já não me devo mais nada, não no que a este amor diz respeito.

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