As palavras carregam poder e ninguém o deveria ignorar, porque quando as usamos, de cada vez que as temos escritas pela mão de alguém, saindo bem de dentro, saberemos que de alguma forma o que foi dito lhes pertencia. As palavras dizem muito de quem as usa e bem mais de quem as recusa. As palavras fazem-nos ganhar e perder pessoas. As palavras permitem-nos viajar por mundos aos quais não teríamos acesso se não as lêssemos. As palavras devem ser ditas e escritas na medida certa, sob o risco de deixarem de ter qualquer impacto.
Conselhos que me dou diariamente:
Não te repitas, não teimes em mostrar-te vitimizada, não queiras que te entendam, sobretudo se o que dizes não vier de ti. Larga as balelas e escreve, tu mesma, com a tua mão, o que estiveres a sentir, mesmo que pareça não fazer qualquer sentido. Deixa de te segurar, porque quando finalmente quiseres deixar-te ir, já não terás palavras que bastem.
Porque será mais fácil fugires de ti mesma, quando já tiveste quem teria fugido do mundo e quem teria perdido tudo para não te perder? Porque continuas escondida de tudo o que te move, achando que apenas assim estarás realmente visível para os que não sabem nada de ti e nem sequer se importam? Porque arriscas perder o que conquistaste, pelas palavras, até teres escolhido ficar muda?
Tenho palavras que bastem para me explicar tudo e leio-as com a atenção que dispenso a mim mesma. Posso dizer, sem qualquer dúvida, que as palavras servem um propósito em tudo o que propositadamente deixarmos acontecer. Tenho palavras para mim e para ti, mas deixaram de servir, porque assim o escolhemos e porque de alguma forma nos respeitámos, com as palavras e sem elas.
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