Há muito, muito tempo, a escuridão quase que me consumiu e tentou roubar a minha tranquilidade, a que coloco em tudo o que faço, porque a sensação de liberdade que conquistei faz de mim a pessoa que pode verdadeiramente ser livre. Há muito que aprendi a reconhecer os que já não têm salvação, mesmo que os seus graus de perdição ainda me surpreendam. Há muito que passei a conseguir perdoar todos os que não quero no meu caminho, seguindo com o que tenho que continuar a fazer. Há muito que tomei nas minhas mãos o dever de manter seguros os que amo, guiando-os para que também eles saibam o que significa saber quem é importante, amando-os, respeitando-os e oferendo-lhes o tempo que receberão de volta. Há muito que aprendi a dizer NÃO de cada vez que sentir que o que me oferecem não me melhora.
A pequenez de que NÃO sou feita impede-me de ser isso mesmo, pequena, quieta quando deveria estar a esbracejar e revolta sempre que o mar estiver demasiado parado. Agora sou tudo a que tenho direito, porque o que tenho dentro de mim apenas a mim pertence. Agora cumpro as minhas promessas e vou só até onde tenha como voltar, a mim. A pequenez de que NÃO sou feita permite-me ser grande o bastante para não olhar duas vezes para o mesmo lugar escuro e sem vida.
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