Aqui estava, como sou, de braços abertos e pronta para receber quem julgava ter reconhecido. Aqui estava, sem demasiados medos, mas cheia de receios que se revelaram fundados. Aqui estava, até ao dia em que precisei de me retirar, desistindo do que afinal nem sequer tivera.
Não levei mágoas na bagagem. Não me escudei em desculpas, até por que nunca as uso e não me impedi de mostrar quem era, mas nem assim consegui ver-te. Foi sempre tão fácil acreditar que eventualmente o poderia fazer, sabendo que o que dizia e a forma como me conduzia me refletiam na íntegra e que isso bastaria. Fui eu sem as máscaras que normalmente me cobrem a face e o coração, mas depressa me arrependi de baixar os muros que me protegiam sobretudo de mim, porque tendo a julgar os outros pelo que sou.
Aqui estava, sem nunca bastar e sem ser a que eventualmente mudaria o curso de uma vida aparentemente desejada. Aqui estava, sozinha como antes, tendo apenas por companhia o que me arrancaria todo o sabor doce que me brota dos lábios, porque é com eles que beijo e me passo. Aqui estava eu, mas consciente de que não poderia estar por muito mais tempo. Aqui estava, eu e tão somente eu comigo...
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