9.1.24

Tanta falta já me fazia...



Estava a sentir falta de mim. Já não me olhava da mesma maneira e via muito pouco de quem sempre fôra, com algumas melhorias e crescimento, mas sempre eu para mim. Começava a zangar-me com as eternas indecisões e só parecia conseguir decidir pelo que me destratava. Estava com tanta falta de mim, que me procurei, incansavelmente, sobretudo na noite, enquanto pacificava o coração agitado e lhe devolvia bom senso.

Tenho posições inegociáveis, porque preciso de estar do lado de dentro de mim para me transparecer por fora. Tenho os dias que correm como o faço, energicamente, ou usando de toda a resistência que já passou a ser bem mais do que física. Tenho pareceres que não parecem razoáveis aos outros, mas que me asseguram de que a minha forma é a certa. Tenho muito mais de mim hoje, depois de uns quantos tombos emocionais e revoluções internas, porque gosto duma boa luta comigo, até porque no final "acabamos" sempre vitoriosas. 

Estava a sentir falta dum bom Blues, apenas instrumental, com muita guitarra, a mesma que um dia saberei tocar de forma exímia, faltando-me apenas apurar o gosto por um vinho rosé, aquele que ainda me saberás ensinar a escolher, acertando até no que o acompanhará e que já não serei apenas eu. Estava a desejar, ardentemente, ter o meu tempo todo de volta e de não precisar de voltar a explicar o que me parece tão óbvio quanto necessário à minha paz. Estava a sentir imensa falta de mim, mas reencontrei-me no que perdera, por escolha e porque é assim que tudo acontece, escolhendo quando e até onde ir. Estava a precisar mesmo que traçar rumos que passassem apenas por mim, aceitando que ainda não me cruzei com que quem já tenha os seus bem delineados, mas acreditando, piamente, que o saberei mal aconteça. 

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