Nunca saberás quem sou e jamais, no tempo que deixou de te sobrar, soubeste quem era e o que poderias realmente ter de mim. Nunca procuraste alinhar-te com o que na verdade também tenho, igual a muitas outras, mas com bem mais caminho percorrido e uma existência que não se limita a estar, a replicar ou a imitar. Nunca me procuraste pelo sabor, mesmo que de alguma forma te tivesse encantado, quiseste apenas misturar o meu, na vã tentativa de conseguires alguma receita infalível que te enchesse o enorme vazio de que és feito. Nunca me envolveste em palavras que apenas usasses comigo e nem o facto de ouvires o que ninguém mais te sabia dizer, te deixou com vontade do que era genuíno e sem qualquer imitação. Nunca deste um passo intencional e que te pudesse levar a algum lugar diferente dos que sempre fizeste. Nunca me desejaste por mim, ou sequer pelo que tinha, ao invés desenhaste uma pessoa que teria que servir a tua. Nunca disseste uma verdade que abafasse todas as inequívocas mentiras e nunca mais fose capaz de te redimir do que nunca quiseste, não com a intensidade como que te quis. Nunca tive pedidos de desculpa genuínos e seguramente terá sido por isso que nunca te consegui perdoar.
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