Carta aberta aos que de alguma forma me falharam!
Olá a ti, a ti e a ti também,
Cedo aprendi que a pena é o pior sentimento que devemos ter por alguém, mas na verdade é o único que reservo a quem se reservou o direito de me atingir, sentindo-se talvez mais forte, ou realizado. Andar por aqui obriga a muito conhecimento, sobretudo pessoal e sou capaz de entender quem não se ama o bastante para amar quem lhe dá a mão, quem se disponibiliza ou tão somente existe. Sei de quem não tenha mobilado convenientemente a velhice e por isso mesmo desatasse a soltar todos os nós, considerando-os amarras, mas apenas para acabar indefeso e ainda mais inseguro. Cedo analisei os que não gostam de nada, nem de ninguém e que duro deve ser, votarmos a nossa existência aos outros, mas sentindo-nos sempre falhados por todos e cada um. Algum propósito existirá em não ter propósito algum a não ser o de querer e fazer mal. Algum prazer se retirará da falta de prazer emocional, carnal e espiritual, só ainda não descobri qual.
Dizem que o que não nos mata torna-nos mais fortes, talvez por isso me tenha fortalecido o suficiente para apenas querer e manter quem saiba o que fazer comigo. Não me imponho, nem tento normalizar o que sou e faço, porque apenas a mim me caberá aceitar-me. Vou ser a minha única companhia sempre e até no meu final, por isso quem entrar, por convite ou direito, terá que me acrescentar, sobretudo amor e respeito. Dizem, em mais um famoso ditado popular, que aqui se fazem, aqui se pagam, mas não pretendo, nem faço questão de apresentar qualquer fatura, o que me alimenta o coração e a alma, é permanecer intacta de sentimentos verdadeiros, afastando apenas os que poderiam contaminar a minha plantação.
Vou perdoando, para me libertar, os que talvez nem mereçam perdão. Vou subtraindo os que, algum dia, arrisquei somar. Vou limpando as memórias feias, substituindo-as por tudo o que crio, aprendo e ofereço à minha prole. Vou amando ainda mais quem chegar, desde que me saibam amar, amando-me na mesma proporção. Vou soltando, um a um, todos aqueles a quem, alguma vez, de forma generosa e sem segundas intenções, estendi a mão Vou aceitando que a chuva também é necessária, mesmo que provoque cheias e que o fogo que tanto queima, também serve para nos aquecer.
Para ti, quem quer que tenhas sido ou tentado ser, deixo o sorriso que representa a minha certeza de que apenas estiveste quando te permiti, mas que também saíste quando te entendi. Ser livre é TÃO somente isto!
De mim para os que me falharam,
Sue Amado
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