Agora que olho para trás, não entendo porque abdiquei de tanto, porque fechei os olhos aos teus caprichos, mau humor, birras...
Parecias estar em constante competição comigo, criticavas e julgavas, mas nunca apreciavas os sucessos e eu via-me sempre na obrigação de quase me desculpar, desculpar-me por ser uma boa profissional, por ser reconhecida e ter admiração.
Até o sexo parecia ser um teste constante, viravas e reviravas-me, fazendo uso da tua força e dominavas-me na cama, único lugar onde afinal sentias que podias.
Quando conseguíamos conversar, relaxar, passear de mãos dadas, eu voltava a achar que se calhar o problema era meu, que deveria ser mais compreensiva e entender que estavas sob muita pressão, afinal a empresa iria escolher o novo gerente e tu querias muita que se virassem para ti. Já estavas na casa há mais tempo do que eu, exactamente 3 anos, e acreditavas estar bem mais habilitado para o cargo, e para além disso eras homem. Ouooooo!! Com esta é que acabaste a matar-me mesmo. HOMEM? Parece ser qualificação suficiente, mas na verdade não foi.
Ainda ficámos juntos mais 6 meses, mas de cada vez que chegava o cheque com o bónus, viravas a bicho mau, deixavas que viesse ao de cima o pior de ti.
- Se fosse comigo, eu ficaria muito contente com o teu sucesso, que afinal seria o meu também. Nós somos um casal.
- Mas continuamos pessoas, indivíduos e eu queria muito este cargo, fartei-me de trabalhar para ele, merecia-o mais do que tu.
- Pronto Artur, para mim chega, basta, não quero acordar a pensar em competir contigo, parece que durmo com o inimigo. No more!
Acabei por entregar os pontos, não tinhas amor suficiente, eras demasiado egocêntrico, focado em ti, nunca serias um companheiro à altura. Que desperdício de tempo, de empenho, de amor deitado ao lixo.
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