O Artur sabia que aquela mulher o iria prender para sempre, nada fora igual desde que a vira. A sua beleza era demasiado perfeita, o seu olhar carregava uma paz, uma certeza, tudo com ela era natural, no sítio certo. A sua voz entorpecia-lhe os membros, as mãos tiravam-lhe as dores musculares e aliviavam-lhe o peso dos dias desgastantes de advogado litigante. Fazer amor com ela, oh my God, não existia, não era real, nenhuma mulher podia ser assim, mas Alicia era-o e Artur quase enlouquecia perante a possibilidade de a perder. Pela manhã, quando o acordava com beijos molhados e quentes, sabia que nada mais importava, que viveria uma vida apenas de momentos, se preciso fosse, desde que ela se mantivesse ali, para ele.
Artur passou a perceber que comunicavam muitas vezes sem palavras, ele pensava e ela respondia e a forma como Alicia se movia era de tirar o ar, de o afastar da vida lá fora.
- Quem és tu meu amor, de onde vieste? Nem me consigo lembrar de como nos conhecemos.
- Vim porque me chamaste, estou aqui porque precisavas de entender o teu papel na terra, neste universo. Vim para te guiar e agora que estás pronto meu querido, já posso partir.
- Mas...
- Não vais sofrer, prometo, deixarás de ter memória de mim, apenas do que te fiz sentir e sem o qual não poderás mais existir. Deixa de recear a vida, entrega-te para o amor, porque o que vem dele torna tudo mais belo, tanto quanto o sou.
- Responde-me Alicia, quem és?
- Quem sempre fui, a que tudo começou e não permitirá que termine, Afrodite!
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