11.2.14

Sim, sou eu!




- Estou, quem fala?
- Olá, minha querida, sou eu, apagaste o meu número?
- Cada um defende-se como pode e sabe.
- E porque precisas de te defender de mim, sabes o que sinto por ti. Preciso de te ver agora.

Já conheço bem tudo o que vem a seguir, sei o que procura, como me quer e porque razão me liga.

- Julguei que já terias aceite que não temos como e porque continuar.

- Mas sou viciado em ti, preciso de te sentir para me sentir vivo, se me negares a tua boca que não me canso de beijar, tal como o corpo que parece ter sido desenhado para encaixar no meu, o teu olhar...

- Pedro, meu querido, vamos ter que parar um dia, assim esgotas-me, anulas a minha existência e manténs-me à espera do que não vai chegar.

- O que queres que eu faça?

- Quero que pares de ter medo do que te faz bem, que deixes de ser cobarde, que entendas o que conseguiste e o que vais perder, porque um dia meu querido,  já não estarei mais aqui, nem o número será o mesmo e tudo o que tiveste ficará sempre para lá do que poderíamos ter sido.

- Deixa-me ver-te por favor pequenina, precisamos de falar.

- Não, não hoje, não agora, já não, vou finalmente tirar-te de mim, assim como se tira a espuma que nos amacia a pele mas que não tem como permanecer. Estou a lavar-me de ti, já não dói, já não me faz sentir mal, nem chorar de noite quando me sinto sozinha, enrolada em mim mesma, com falta de corpo e toque. Desisti de ti, finalmente.

Vou retomar-me, começar o percurso outra vez e esperar apenas por quem saiba esperar por mim!


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