30.3.15

Não posso ficar!


Fui pensando sempre no que faria se te reencontrasse, se pudesse dizer-te tudo o que me ficou engasgado, o que a vida, na sua correria diária me impediu, mas agora que estás bem de frente a mim, não me apetece perguntar nada, apenas olhar-te e perceber, sozinha, o que foi afinal que me marcou em ti.

Estás indefeso, não sabes o que esperar, talvez porque esperes tudo, sobretudo que eu me zangue, que me atire a ti, magoada, desesperada pelo afastamento a que nos votaste a ambos, mas vais certamente continuar a olhar-me, sem ter nada, nem ouvir nada e sem me conseguires ler, porque já não me apetece lutar mais, não por ti. Não me apetece implorar-te que me aceites, que regresses até ao ponto em que te conseguiria reconhecer e em que voltaria a perceber porque passei a amar-te daquela forma, sim daquela, porque de ti já só resta o que estou a ver agora e não consigo entender.

Estou a sorrir-te, para que te amenizes, para que consigas respirar e parar de achar que de mim só terás balas de fogo. Estou a sorri-te, conciliadora, livre, pronta para seguir viagem, para te deixar no lugar de onde jamais deverias ter saído, mas nem eu terei forma de fugir do que me foi reservado, e nem eu saberia como evitar quem dizia ter-me amado como esperava.

Não posso ficar, porque não quero e já não preciso. Porque resolvi tirar-te das entranhas e porque vou, finalmente, seguir viagem.

Não chegaste a falar, e agora já só consegues ver os meus cabelos ao vento, porque de costas para ti estou a seguir na direcção que não te inclui, é que não posso ficar, já não!

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