23.4.15

Não mando, claro!


Não mando, claro, não em tudo, não nos outros, e por vezes até pouco em mim e na forma como queria gastar o meu tempo, mas pelo menos opino, vou lutando e tentando que cada dia me permita aprender a alterar o que me incomoda, o que não se ajusta tão bem, mostrando-me o que não faço tão bem. Não mando no que sinto, na forma como amo, nas vezes em que me desiludo e mesmo assim insisto em "perseguir" quem não me ama da mesma maneira. Se mandasse nos sentimentos que até acho ter em demasia, refreava-os, cortava-lhes umas quantas pontas e deitava-as fora, para bem longe...

Acredito que emocionalmente só consiga mandar quem não tenha sentimentos, nem por nada nem por ninguém, e eu vou preferir ser esta coisa, esta máquina de emoções que parece estar mal afinada e a precisar de calibrar, do que não sentir, do que apenas passar pelas coisas, do que não viver.

Se eu mandasse, obrigava toda a gente a curar-se dos males interiores, falando do que os magoa, não parando de procurar o que sabem ser melhor, resolvendo o que por vezes se arrasta até ao infinito, e não deveria. Se eu mandasse, dizia-te que te queria aqui e agora, para que parasses de te arrastar para o outro lado e caminhasses comigo, porque eu tenho o que procuras.

Só posso dizer que vou continuar, que vou prosseguir nesta minha vontade de dominar, um pouco mais, a minha vontade de ser melhor e de conseguir condescender, com todos quantos ainda não tenham chegado onde já estou, sabendo que não me irão acompanhar, lamentavelmente.

Não mando, mas certamente que alguém bem mais poderoso do que eu assim o decidiu, talvez antecipando que andariam todos numa roda viva e sem descanso se eu pudesse manejar vontades!

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