Ainda te consigo ver, cada contorno, o olhar que pousavas em mim, tudo de ti até de olhos fechados!
Estou a olhar-te, vendo-te como o fiz quando te aceitei, sem as nuvens que vieram ensombrar tudo e que me afastaram do que sentia, dando lugar à razão, para me proteger e para que o caminho fosse mais firme.
Não me venham falar em me deixar ir, em ser aventureira e apenas saborear, porque nesta altura da minha vida já não quero fatias, quero o bolo todo, quero fazê-lo e vê-lo crescer, quero que seja meu para o dividir. da forma que achar melhor.
Que mal tem ser-se exigente, quem pode julgar os que querem receber tudo o que dão?
Porque não podemos todos, apenas olhar para quem nos olha de volta?
O que há de errado com os amores que não usam, que não planeiam, que apenas são o que é suposto, da forma que desejamos todos, porque afinal somos humanos?
Estou a olhar para ti como te julguei ver, e gosto, ainda gosto, mas porque te criei, porque fiz um boneco que me servia, que me estaria tão próximo que tudo o resto seria apenas isso, resto.
Estou a olhar para o homem que julguei ter conhecido e que me fez esquecer o meu passado, o homem que, pela primeira vez, me deixou imaginar um futuro.
Estou a olhar para ti, de olhos fechados, com a minha alma, e a sorrir, para mim e comigo, porque finalmente te posso deixar ir, sem qualquer dor, porque a regra é simples:
Quando vejo, acredito.
Quando acredito, aceito.
Quando aceito, renovo-me.
Quando me renovo, sou a mulher que perdi, por breves momentos, e que se vira para o lugar certo.
Quando estou no lugar certo, já não preciso mais de ti, e volto a ser feliz.
Quando sou feliz posso fazer o que faço neste momento, olhar para ti, simplesmente olhar.
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