26.9.15

Ainda nós!

White Stacked Worksheets on Table


Olá meu amor,

Já não te escrevia há algum tempo, não porque tivesse parado de te pensar, mas porque estava a tentar parar de te ter de forma demasiado presente e sem que nunca mais nada ou alguém se consiga sobrepor.
Há dias em que a vontade de atirar tudo para o alto e de te gritar que te quero e que consigo superar tudo o resto quase me enlouquece, mas depois sossego, sento-me mais direita, respiro fundo umas quantas vezes e recordo-me, se é que me poderia alguma vez esquecer, que apenas posso querer quem me queira, e que não existe forma de nos impormos a alguém que simplesmente não nos consegue ver. Se hoje foi um desses dias? Sim, acho que sim, até porque quando me roubo algum tempo para ouvir o que dizem os outros sobre mim, dói-me ainda mais que nenhum dos outros sejas tu e que a forma como te quero não possa ser apenas transferida, aguardando que o amor cresça, porque acontece e é possível.

Já não ando por aí a tentar que me tentem, de alguma forma, estou apenas a cuidar de mim com todas as minhas forças, procurando por um lugar meu, e podendo, a qualquer altura, deixar entrar alguém, porque se não planear o "implaneável", ele até me poderá surpreender.

Voltei-me para mim e passei a ver-me e a gerir-me como se de uma empresa se tratasse, com horários muito definidos, com momentos de pausa e de lazer, entrando e saindo de uma vida quase paralela, mas da qual preciso como do ar que respiro. Quem me conhece reconhece-me uma calma anormal, uma pausa longa mas que tem produzido efeitos. Tenho um olhar bem mais seguro, porque agora, mais do que em qualquer outro período da minha vida, sei que consigo sobreviver a catástrofes emocionais e sair ilesa.

As minhas cartas nunca terão resposta, até porque não as envio, mas sabe-me bem pensar que as lês. Tranquiliza-me a alma imaginar-te, sentado à beira mar, com os cabelos a brilhar ao sol e de sorriso disfarçado, enquanto recordas a forma como bato nas teclas cada palavra. Tudo o que fazia era-te dirigido, mas percebi que ou te ultrapassava e deixava que seguisses, ou morreria todos os dias um pouco mais, até que nada de mim sobrasse ou fizesse falta. Assim sendo, e de cada vez que a saudade bater mais forte, escreverei as cartas que nunca sairão do lugar onde te recusaste entrar.

Espero que estejas bem e peço, com todas as minhas forças, de cada vez que te penso e olha que ainda são muitas, que encontres o que precisas e que sejas tão feliz quanto eu saberia fazer-te.

Um beijo suave por toda a face, parando de mansinho nos lábios que já foram só meus.

De mim, ainda, para ti.

S.A.


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