Estamos juntas há tanto tempo, que já nem consigo separar-nos do que quer que seja. Vi nascer os filhos da Ana, fui dama de honor da Bela e mantive-me próxima de ambas, mesmo não tendo casado, até quando teriam que satisfazer os vossos compromissos familiares. Afinal o que construímos foi uma família paralela, sem laços de sangue, mas bem mais intensos e inquebráveis, como já o percebemos todas.
Adoro as nossas noites de cocktail e chocolate. As lamechices. Os choros sobre tudo e sobre nada. Os pensamentos que não ousamos partilhar com mais ninguém, nem com os "nossos". Adoro que nos adoremos desta maneira e que nos saibamos manter, para além dos dias que são desenfreados, e completamente loucos, mas que pequenos telefonemas rapidamente resolvem.
Vocês sabem quem amo e não tenho coragem de incluir. É com cada uma que me solto e vou atrás dos projectos mais arrojados, mas é comigo que sabem poder contar, quando as vossas casas ficam demasiado cheias, quando mais ninguém vos escuta com atenção e quando a minha cama se estende para que apenas sejam vocês, sem ninguém para cuidar, as mulheres que conheci quando apenas eram mulheres, não já esposas e mães e que bonitas se tornaram.
Obrigada por nunca me deixarem envolver em solidão, por me fazerem tia e irmã e por já não saberem viver sem mim, é que eu recuso-me a saber viver sem cada uma!
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