Olá meu querido,
Não é para ti esta carta, porque não a irás ler. É minha, para mim e comigo em cada palavra, porque preciso de me deixar sair, preciso de me ler para perceber o que faço por aqui e de que forma ainda me mantenho, estóica e a sentir-te assim. Acabei a lembrar-me de ti, do que foste, não para mim, porque nem eras muito, mas do que tinhas para teres o que ainda senti hoje. Acabei por perceber, sem muitas dúvidas, o que me levou até a ti e o que me trouxe de volta. Acabei por acabar com o que não conseguias, porque já te arrastavas, inseguro, assustado, sem margem para te manobrares mais, sem saídas nem reservas. Acabei por perceber que não basta amar, não serve ter quem nos sirva, quando os tempos e lugares não bastam. Acabei por me deixar ir, e que bem me soube o teu sabor, mesmo que os nossos corpos não tenham sentido tudo, afinal não houve tempo.
Tudo voltará ao ponto em que estávamos ambos, antes de sermos eu e tu. O meu espaço, o que ainda consigo construir para mim, esteve apenas sossegado a dar-te o que tinha, meu, gratuito e sem gastos, porque apenas gastei tempo, mas usando-o bem. A minha vontade de ti impediu-me de dormir, mas vou fazê-lo agora, porque voltar a casa é isto, é estar aqui onde estive sempre.
Não estou a lamentar nada. Não estou à procura de culpados. Não me estou a deixar cair, porque o trabalho de me levantar seria apenas meu e cansa andar cansada. Estou apenas a reafirmar e a confirmar-me que terminou o que talvez nem tenha sequer começado. Estou a deixar que deixes de te sentir responsável. Estou a despedir-me, apenas isso.
Para ti, de mim, como sempre fomos, apenas um. Apenas um lado. Apenas eu. Um até breve, numa outra escolha.
Lou
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