Na multidão ando só, já dizia alguém e por ventura andarão muitos. Alguns à espera de serem vistos e outros tantos esperançados que nunca os vejam e que apenas os deixem seguir silenciosos, meio mortos já, numa morte bem pior que a que leva o corpo. Quantas vezes não sentimos, bem fundo na pele, um vazio que se ampliou por uma dor desmedida, aquela que se nos cola de cada vez que precisamos de gente, e apenas encontramos sombras? Na multidão ando só e serei apenas mais um, não terei forma de me destacar, porque me dá trabalho mostrar-me, expor-me e destacar-me. Na multidão quero que passem rapidamente e que me deixem fugir por entre os espaços que sobrarem. Na multidão ando só e poderei até chorar, ou gargalhar estupidamente, porque sei que ninguém terá tempo para me dispensar. Na multidão muito provavelmente não precisarei de me ouvir.
Na multidão ando só e esta é a solidão que mais me assusta!
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