Já o pensei e disse muitas vezes, gostava que estivesses aqui ao meu lado, a seres quem já foste antes quando apenas te sonhava, algures num tempo que já parece estar muito longe, entravas na minha mente e fazias de mim a pessoa mais importante. Lá bem atrás, quando sabia onde te encontrar, eras quem esperava e foste-o tantas vezes. No passado que se instalou em nós, tudo o que quis materializou-se, tive-te, senti-te, ouvi-te de perto e saboreei cada sabor imaginado, mas gostava que estivesses aqui e que pudesse estar contigo sempre. Os pontos em que nos encontramos por vezes não se voltam a cruzar e mesmo que os queiramos repetir deixam-nos, abandonam-nos, fazem-nos sentir o que somos verdadeiramente, pouco mais do que nada. Gostava que estivesses aqui se pudesses estar mesmo, lembro-me de o repetir para mim, no silêncio que se instalou sem que o pudesse mudar. Gostava de ver a tua face, de a beijar uma e outra vez, passando-me o cheiro que se entranhou e do qual pareço não me conseguir libertar. Gostava que estivesses aqui e me impedisses de chorar, rindo-te do que tendo a empolar. Gostava de poder repetir os momentos bons, apagando todos os maus que vieram para ficar, que se instalaram, pesados e a repetirem o que tinham prometido, porque não te podia pertencer, não era a tua pessoa certa e não te bastava.
Repeti o mesmo sozinha, no silêncio da noite e fi-lo dias-a-fio, durante penosos meses, mas nunca fui ouvida. O que quero conta tão pouco quanto contou antes. Não foi sempre bom, mas foi o possível e bebi quase tudo o que pude, porque já conhecia o final, sentia-o como ainda te sinto, apenas não sei por quanto tempo.
Gostava que estivesses aqui, atrevi-me a repetir mais uma vez, mas apenas me ouvi a mim hoje, tal como ontem...
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