Não gosto de sentir pena de ninguém, mas é um sentimento inevitável, porque vejo tanta gente que apenas sobrevive, que se agarra às rotinas com tanto medo, que nem de rua mudam, seguindo sempre pelo mesmo percurso, ou pior ainda, usando o gps, que é mais emocional, porque não arriscam simplesmente sentir e usufruir.
Tenho pena de quem não sabe o que é dançar para afastar fantasmas, mas usando cada pedaço do corpo, como se estivesse a fazer amor. Tenho pena de quem nunca correu à chuva, ou sequer caminhou, mas sem medo de ficar verdadeiramente molhado. Tenho pena dos que usam o "mas" mais vezes do que o "eu", o "sim", o "também" e o "quero". Tenho pena de quem nem muda a posição da cama e que pousa, invariavelmente, as chaves na mesma cesta.
Há quem se agarre aos salva vidas emocionais, não olhando muito para não ter que ver o que deixa de viver. Há quem até tenha saltado, para outros lugares, mas sem nunca lá ter estado. Há quem ainda não saiba o que fazer consigo e por isso não consiga saber o que fazer com os outros.
Não gosto de ter pena, mas a verdade é que tenho imensa, sobretudo quando vejo desperdiçar, vida, recursos e coração. Que pena tenho de quem nunca irá saber como é simples apenas amar e ser amado...
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