A tua boca deixa que me lambuze, que te saboreie, passando-me os fluídos que me restauram. Sempre que estamos juntos não me canso de a olhar, de a desejar, de querer que tapes a minha e que me impeças de falar. Comigo vai ficando uma saudade mal sais de mim, bastando um segundo para que me apeteça gritar o teu nome, gritar que não será jamais igual com um outro qualquer, mesmo que o imagine e acabe a tentar.
Não sei de que forma poderei caminhar para qualquer outro lugar que não seja para onde também estejas. É a ti que amo, não tenho qualquer dúvida e sinto, dia após dia, que o amor multiplica-se e regenera-se. O tempo no entanto não tem estado do nosso lado e até as lágrimas se estão a esgotar, acredito que não tenho mais.
Na tua boca e de cada vez que toca a minha, volto a acreditar que apenas poderia ter sido desta maneira. O som que sai dela é tão familiar e entra-se-me tão dentro, que com ele vens tu e tudo o que fui sabendo de ti. Não sabes porque te quero assim. Não sabes porque não estás atento à forma como me movo. Aos desejos que o meu corpo não consegue disfarçar. Ao olhar que te olha à procura dos teus porquês, porque eles sim podem ser questionados. Não sabes porque preciso de ti, porque nunca precisaste de mim da mesma maneira. Não entendes a dimensão do meu amor, porque nunca tiveste um tão grande e assim mesmo acabaste a deixá-lo ir...
Na tua boca estive as vezes que permitiste, agora só me resta ir tirando cada sabor que teimou em ficar. Na tua boca não voltará a estar a minha, partimos as duas assim que nos recordaram do papel que acabámos a representar e nunca foi o principal.
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