Já são alguns dias sem ti. Não está a ficar mais
fácil, nem mais suportável. O desejo de te voltar a sentir cresce tanto quanto
todos os dias que nos estamos a roubar. Não o antecipei assim, julguei-me
pronta para acolher quem se segurasse, quem me desse o tempo que afinal nem
quero. Não esperei que também tu sentisses desta forma e que não temesses
dizê-lo, gritando-me que me apresse, que pare de te fazer sofrer, apertando-nos
a ambos o coração que vai ficando pequenino de tanta dor e incapacidade de
aguentar por novo toque, pelos olhares em que nos fixaremos para que cada
pedaço de nós se mantenha vivo no outro.
Já estás tanto em
mim e comigo que chego a pensar que te esperava, que sempre e de cada vez que
te sonhei, já o sabia e sentia. Tu deixas-me tão natural, tão pronta e tão
capaz de parar de me segurar. Fazes-me arranjar espaço e lugar para que não
tenhas que voltar a sair. Injectas-me ânimo e o desejo de não precisar de te
sonhar mais, porque já te tenho.
Estes estão a ser os dias mais longos da minha vida. Ouvir-te já não me basta. O
corpo recusa obedecer-me e larga-me descargas eléctricas para me punir por tudo
o que o impeço de sentir. Vou contar contigo para que não me deixes cegar, para
que saiba exactamente e sempre o que ter e o quedar. Para correr porque a andar
já não chego lá, já não recupero tudo o que deixei de ser e de viver.
Andei a lutar
outras batalhas. A descobrir o que me liga os botões. Andei às voltas, à tua procura,
mas foste tu que me encontraste.
- Anda mulher, é
por este lado, estou aqui.
Dizer que te amo
já nem parece ser suficiente, porque deixa tanto do que sou por explicar, mas
quem sabe se o repetir tantas vezes quantas penso, consiga fazer-me chegar até
ti, inteira, pronta, eu...
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