Não posso fugir de mim. Não posso porque não teria onde me esconder!
Já achei que não teria nada se não te tivesse, mas tu és apenas um dos que poderia povoar cada pedaço de vida que quis partilhar. Tu representavas a força do amor que apenas eu tinha e por isso mesmo me mantive agarrada às lembranças, deixando-as sobreviver quando morreste e quando nos mataste.
Não posso fugir de mim, mesmo que o tenhas feito tu. Não posso fugir do que sou, mas soube quando e porque não deveria ficar. Não posso fugir, ainda, ao amor que tenho, mas ele já está no lugar que lhe pertencerá sempre, bem arrumado, à espera que o sabor que me trouxe seja mais doce do que amargo. Não posso fugir de mim, mesmo que me apeteça, por vezes, dizer-me adeus e partir. Não posso fugir do prazer que sempre me cabe de cada vez que sou capaz de amar, outra vez, porque os amores não se esgotam. Os amores voltarão, tal como os homens da minha vida, um após o outro, até que o certo fique, porque todos serão os certos, no tempo e lugar que lhes couber. Não posso fugir do que me esperava para me engrandecer e para me dar mais emoções quando achava já não as conseguir sentir. Não posso fugir e já não quero, de tudo o que recebi, de tudo o que o meu corpo suplicou e sentiu.
Nada jamais foi planeado na minha vida no que diz respeito aos amores. Nada do que me alimenta o orgão emocional foi desejado ou pedido, mesmo que o peça de cada vez que sei que nunca me bastarei a mim mesma. Nada me faz sentir mais mulher do que ser vista como mulher. Nada como os beijos partilhados e sentidos para que me passem mais calor do que aquele que já tenho. Nada como sentir que sou a mulher pela qual acham valer a pena esperar.
Não posso fugir de mim, sou feita de demasiados gatilhos. Tenho muitos sabores para saborear com quem seja capaz de me fazer olhar, duas vezes, para o mesmo lugar. Não posso fugir de mim e da vontade que já tenho de parar de sentir vontade de ti e apenas ter-te, agora, aqui, por mim e comigo. Não posso fugir de mim e não voltarei a tentar, porque algures, neste tempo que é o meu, "tu" virás e voltarei a saber que és o homem da minha vida!
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