Enrolada em mim. Ansiosa, receosa de estar a experienciar o que o futuro terá como certo. Ficar só, ser apenas eu, não conseguir que um outro corpo se encoste, que roce e me passe o calor de que necessito. E se depois, um dia, não houver quem me responda. E se eu não tiver forma de ouvir os sons de volta e não esteja mais ninguém lá, aqui? E se tudo o que fiz por merecer, afinal nunca chegue, talvez porque não mereça tanto assim? Por agora estou bem assim, só, mas e depois? E depois quando a minha capacidade de me bastar, de me encher de palavras, de dançar até que me custe respirar, de sair à meia-noite para correr porque não consegui gastar as energias do dia, já não pertencer à minha rotina?
Como poderei avaliar o que sou e o que quero continuar a ser amanhã?
Quem estará por perto e me escutará quando me apetecer gritar, mesmo sem sons?
Quem saberá descortinar o meu olhar e dar-me a mão para que deixe de ter medo?
Enrolada em mim tento perceber o que é melhor realmente. Estar só, mas de bem comigo, conhecendo-me, ou tendo ao meu lado quem nunca me tocará verdadeiramente?
Espero que exista uma terceira possibilidade!
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